Era apenas mais uma manhã fria e nublada de Dezembro. Ainda não chovia mas o dia amanhecera cinzento e misterioso na sua neblina.
Para não variar, desta vez também não queria deixar os macios e aconchegantes lençóis que a embalaram noite dentro. E que noite... Os sonhos tornavam-se já constantes, sempre (ou quase) sobre o mesmo assunto que parecia atormentá-la. Curiosamente, havia alturas em que estes tinham a capacidade inesperada de a apaziguar na sua dor. Há coisas realmente indeléveis...
Definitivamente, o quarto parecia o sítio ideal para permanecer... imóvel, pensativa, nostálgica . O mundo parecia bem mais fácil de enfrentar visto daquele prisma e as paredes do seu quarto, de um doce tom lilás deslavado, nunca por jamais deixaram de ser óptimas confidentes. O verdadeiro "túmulo dos segredos" era aquele, embora de quando em quando ela abrisse a sua caixa de segredos a outros.
Definitivamente, o quarto parecia o sítio ideal para permanecer... imóvel, pensativa, nostálgica . O mundo parecia bem mais fácil de enfrentar visto daquele prisma e as paredes do seu quarto, de um doce tom lilás deslavado, nunca por jamais deixaram de ser óptimas confidentes. O verdadeiro "túmulo dos segredos" era aquele, embora de quando em quando ela abrisse a sua caixa de segredos a outros.
Sabia que tinha verdadeiros amigos na sua vida, almas que a acompanhavam e guiavam, muitas vezes sem perguntarem o porquê e a necessidade das suas acções... Muitas vezes sem entenderem ou perceberem a sua importância. Estavam lá, partilhando alegrias e dores... muitas. Só de pensar neles esboçava um sorriso e os olhos brilhavam. Afinal, o seu rosto já não estava tão mortiço e apagado. E de repente, algo se iluminou dentro de si.
Ela sabia que era bem mais que aquilo que frequentemente dizia ser. Conhecia de cor as suas forças e energias. E sabia também que as podia usar quando e como bem entendesse. Em alturas como esta, as fraquezas não podiam apoderar-se de si e a momentânea cobardia do seu negativismo pesava bastante em dias sombrios e plúmbeos como este. O peso era enorme, o esforço de se libertar dele ainda maior. Bem maior, de facto...
Num acesso de impetuosidade acumulada abriu os lençóis malva silvestre do seu aconchego, como se de um livro há muito fechado se tratasse. Decidira naquele mesmo instante que iria combater o cinzento do céu com o seu melhor sorriso! O mundo lá fora precisava de receber assim uma dádiva e o seu mundo interior tinha de ser abalado urgentemente para perceber que não há limites para a felicidade. Uma vez que sorrisse ao mundo, o mundo sorrir-lhe-ia de volta!
(parte 1)
Sem comentários:
Enviar um comentário